Fico fascinada sempre que se fala dos Balcãs. Seja pelo local, seja pela História envolvente, seja pelas lendas.
Não consigo perceber porquê, mas é uma zona que me atrai. Desde os tempos da Jugoslávia até aos países todos que daí nasceram, para além da Roménia, Bulgária e da Turquia também.
Como a maioria parte das pessoas não sabe a palavra Balcã significa Montanha em turco.

Os Balcãs são mais conhecidos como sendo a antiga Jugoslávia. No tempo deste país, ou melhor, federação, eu trabalhava no Somsen & Poole da Costa e tínhamos negócios com eles. O meu pai viajou para Zagreb, Mostar, Sarajevo e lembro-me de me contar que era um “país” muito bonito. Isso fez-me sonhar em visitá-lo um dia, coisa que até hoje não se concretizou.
Com a morte de Tito, as coisas complicaram-se e as questões étnicas e religiosas emergiram. Muçulmanos, ortodoxos, católicos e outros que mais envolveram-se em quezílias que, começaram por ser locais mas que alastraram a guerras civis. Bósnia; Sarajevo….sérvios e croatas….e fizeram-me estudar e ler muito sobre o assunto. Por isso este texto vai sendo escrito ao sabor do vento e conforme eu vou tendo possibilidade de me ir documentando sobre tudo isto.
A Roménia, Hungria e Bulgária apesar de não serem considerados por uns como sendo países dos Balcãs, são-no por outros. Por isso os incluo no lote. A Turquia teve grande prepotência sobre os Balcãs, pois foi de lá que partiram as invasões do império otomano, que chegaram até à Roménia, e à sua Transilvânia. Ah pois, aqui é que eu quero chegar!

Com a leitura do livro “O Historiador” de Elizabeth Kostova, há cerca de 4 meses atrás, despertou-se, ou melhor, reacendeu-se o meu interesse pela zona, pela interferência que Vlad III Draculea, "O Empalador" (vulgo Conde Drakula) (1431-1476) teve na sua luta contra o domínio otomano. Entregue por seu pai como refém aos Otomanos em criança, Drakula ou Drácula cresceu no meio da violência otomana, dos seus modos e meios de luta, de se infiltrarem nas hostes inimigas, de utilizarem o empalamento como forma de matar e de torturar.
A Transilvânia, de onde Vlad III é originário, é uma zona inserida na actual Roménia, mas que já fez parte da Hungria e da Áustria, para além do Império Otomano, como já referi. Fica na zona ocidental da Roménia, e faz fronteira com a Hungria a oeste e com a Ucrânia a norte. Está como que encaixada nos Cárpatos, que ficam a leste. Os Cárpatos são uma cordilheira que se estende em forma de S e que começam a sul, na continuação da Cordilheira dos Balcãs.
Voltemos aos Balcãs. A região pertenceu a vários povos, como persas, gregos, romanos, bizantinos e otomanos.
Na segunda metade do século XIV, foram ocupados pelo Império Otomano.
As primeiras nações dos Balcãs a se tornarem independentes foram a Grécia, Sérvia, Bulgária e Montenegro durante o século XIX. No início do século XX, a Guerra dos Balcãs reduziu a Turquia à sua actual dimensão.
A Primeira Guerra Mundial foi desencadeada em 1914 pelo assassinato em Sarajevo (a capital da Bósnia e Herzegovina) do Arquiduque Franz Ferdinand, Imperador do Império Austro-Húngaro. Depois da Grécia aderir à guerra em 1917, a Bulgária e Império Otomano capitularam e logo de seguida o Império Austro-Húngaro também caiu.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o sucesso das forças gregas contra o Eixo e, subsequentemente, a resistência albanesa, grega e sérvia, mudaram o seu curso e os aliados deram um passo decisivo para a vitória. Após a Segunda Guerra Mundial, a União Soviética e o comunismo desempenharam um papel muito importante na região dos Balcãs. Durante a Guerra Fria, a maior parte dos países dos Balcãs eram governados por governos comunistas apoiados pelos soviéticos (os chamados países satélites). A Grécia continuou a ser o único país não-soviético.
Apesar de estarem sob governos comunistas, a Jugoslávia (1948) e a Albânia (1961) abandonaram a aliança com a URSS. A Jugoslávia, liderada pelo marechal Tito (1892-1980), procurou estreitar as relações com o Ocidente. A Albânia, por outro lado gravitou para a China Comunista, mas mais tarde adoptou uma posição isolacionista.
Os únicos países não comunistas da região foram a Grécia e a Turquia.
Com o colapso do comunismo, em 1989-1990, a Jugoslávia mergulhou numa onda de nacionalismo extremo. Depois da Croácia abandonar a federação, em 1991, os croatas bósnios e os muçulmanos aprovaram um referendo a favor da criação de uma república multinacional e independente. Mas os sérvios bósnios recusaram separar-se da Jugoslávia, que nessa altura se encontrava sob o domínio da Sérvia.
Em 1992, a Bósnia e Herzegovina foi arrastada para uma guerra civil sangrenta e devastadora, em que as populações acabaram por ser saneadas das regiões tomadas por cada nacionalidade.
Sarajevo foi palco dos mais sangrentos recontros e era frequente a imagem na televisão com a “guerra em directo” de “snipers” escondidos em apartamentos semi-destruídos que abatiam as pessoas que tentavam sair de suas casas à procura de comida.
Lembro-me bem de existir uma ponte em Sarajevo que era como que uma ponte para a liberdade. Quem a conseguisse atravessar, estava a salvo. Morreu muita gente nela abatida a sangue-frio.
Em 1995 foi assinado o Acordo de Dayton e desde essa altura as forças da ONU encontram-se no território para garantir o cumprimento dos acordos de paz. As forças da OTAN também se encontram na Bósnia e Herzegovina, na Sérvia, e na República da Macedónia. O Kosovo passou a ser controlado pela ONU, e tornou-se independente em 2008.
Mas voltemos ao Drácula.
Vlad e seu irmão mais novo foram entregues pelo pai aos otomanos como garantia e cresceram no meio deles. Por isso se habituaram às suas formas de lutar, e aprenderam os seus métodos de infiltração nas hostes inimigas e as suas técnicas.
Voltou à sua terra natal anos mais tarde, e tornou-se conde, após a morte do seu pai e do seu irmão mais velho. Conseguiu assim, através dos conhecimentos adquiridos, impedir o avanço das forças otomanas, segundo consta. Segundo reza a lenda, foi morto pelos seus próprios homens, por engano, quando se encontrava no seu castelo.

A sua malvadez e as suas técnicas eram conhecidas. Costumava empalar os inimigos e deixá-los morrer lentamente, homens, mulheres e crianças, à frente de mesas onde organizava banquetes.
Depois da sua morte, a sua cabeça foi cortada pelos Turcos e enviada ao sultão, em Constantinopla.
Em 1931, o túmulo foi descoberto sem corpo. Provavelmente devido à sua malvadez e ao seu prazer em ver o sangue correr, foi associado ao vampirismo.
Ainda hoje, serve de mote ao turismo na Roménia, apesar de, cada vez mais, os romenos não o quererem associado ao seu país.
Então, gostaram?
Bibliografia
http://iamsobizarre.blogs.sapo.pt/594.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Transilv%C3%A2nia
http://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%A1lc%C3%A3s
http://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%B3snia_e_Herzegovina
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vlad_III_o_Empalador