quinta-feira, setembro 17, 2009

1969


Foi um ano que mexeu muito comigo. Provavelmente foi o ano em que eu dei conta de muitas coisas pela primeira vez, em que “cresci”.

Em Março, o meu avô materno foi operado ao estômago e à vesícula. Não sei o que ele tinha, as deveria ter sido qualquer coisa cancerosa, se bem que na altura pouco se falava sobre o assunto, muito menos a uma criança de 10 anos, como eu. Mas lembro-me dele ter sido operado, a primeira vez, se não estou em erro e se a minha memória não me falha, no dia 20 e a segunda, de urgência, no dia 27, e durante a qual ele teve uma paragem cardíaca. Foi no Hospital da Cruz Vermelha, em Benfica e lembro-me de o ter ido visitar. Pareceu-me muito velhinho, na altura, com a barba por fazer. Mas só tinha 64 anos.

Em Junho, voltei ao Hospital da Cruz Vermelha, mas desta vez para visitar a minha mãe que tinha tido a minha última irmã, a Dina, depois de 3 rapazes seguidos. Desta vez, foi uma visita mais alegre, claro. Por essa altura também, o Homem dava os seus primeiros passos na Lua. Memorável.

Em Agosto, o meu avô esteve doente. Estávamos na Costa de férias, foi muito triste e mau para nós, crianças, que tínhamos de fazer pouco barulho e não compreendíamos que não podíamos estar como habitualmente estávamos, nas brincadeiras das férias de Verão. Ele teve uma hepatite, e lembro-me muito bem de estar muito amarelo, com icterícia. Como a televisão estava no quarto dele, nem o Zip-Zip (por que eu tanto ansiava poder ver nas férias, já que em casa não me deixavam) pude ver. Nunca mais esqueci.

Em Novembro/Dezembro, os meus avós holandeses (Opa e Omã) vieram de férias a Portugal. Habitualmente vinham em Maio, passar um mês connosco, mas nesse ano resolveram vir, para passar o Natal.

No dia 12 de Dezembro, o Fred foi atropelado por uma mota, quase à porta de casa. Ia com o Opa à estação do comboio, buscar o meu pai. Fracturou a tíbia e o perónio.

O ano acabou melhor. O meu avô recuperou e, pelo seu 65º aniversário, no dia 30 de Dezembro, no jantar no Restaurante Mónaco, em Caxias, ainda dançou com a minha avó. Pena ter sido o seu último aniversário, pois faleceu em Janeiro, mas isso já foi noutro ano.

40 anos se passaram, mas a memória está bem fresca.

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