sábado, agosto 02, 2008

Sofia


Faz amanhã 19 anos que os meus pais celebraram 32 anos de casados. Foi uma época linda das nossas vidas, eu estava grávida de 9 meses e a minha irmã Ana grávida de 5 e a minha mãe resolveu fazer um grande churrasco nessa noite, para celebrar e também para aproveitar o facto de estarmos todos juntos em Portugal para o casamento do nosso irmão Paulo com a Sandra, no dia 4.



Nessa quente noite de 3 de Agosto, lembro-me de estar, rodeada de irmãs e cunhadas, com uma barriga enorme, sentada no chão do "hall" da casa dos meus pais, com uma chávena de café posta em cima da barriga, para eles todos poderem ver como a minha pequenina se mexia tanto dentro de mim. Fartámo-nos de rir à conta do café que saltava dentro da chávena.



De barriga bem cheia, salvo seja, dormi muito bem a noite, mas eram umas 5 da manhã a Sofia já não me deixou dormir mais. Queria por força ir ao casamento do tio, mas eu é que acabei por não ir.

...................................

Acabaste por vir ao mundo eram quase 8 horas da manhã. Simpática, porque me deixaste tomar o meu pequeno almoço. nasceste depressa, porque vinhas toda sebosa, de modo que escorregaste para o mundo, a bem dizer.

Fazes agora 19 anos. Como fiz com o teu irmão quando ele fez 21, há dois meses, não quero deixar de escrever-te algumas palavras.

Como não tenho mais nenhuma filha, posso dizer que és a minha favorita, a minha pequenina, a minha bochechuda.

Tens uma personalidade forte, como boa leoa que se preze.

Espero que um dia, se tiveres uma filha como tu és, sintas por ela o mesmo amor e o mesmo orgulho que eu sinto por ti. Adoro-te, Sofia, és a minha menina, a minha fofura, o meu mel, uma alegria que trago dentro do peito e que não consigo dizer de outra forma.

Espero que sejas sempre assim, igual a ti própria, com os teus defeitos e qualidades, mas sempre a minha querida filha.

Parabéns, Sophia!!!!

quarta-feira, junho 11, 2008

João


Foi há quase 21 anos. Faz esta semana 21 anos que vivi um dos melhores sonhos da minha vida. Aquilo porque eu tanto ansiava estava finalmente a acontecer. Fui mãe. Voltei a sê-lo dois anos mais tarde, mas este filho, o meu Joãozinho, por quem eu tanto ansiei, por quem eu tanto sonhei, por quem eu tanto chorei estava ali nos meus braços!


Nove meses antes, quando tive a minha primeira falta, não acreditei, as dores de barriga eram as que todos os meses me chateavam e, mais uma vez, voltava a não engravidar. Também já não tinha esperança nenhuma, até já me tinha inscrito nos "fiv's" (fertilização in-vitro) na 1ª página dum bloquinho pautado A-5 da Maternidade Alfredo da Costa, onde eu tinha passado muitas horas e dias até, dos meus últimos 7 anos.


Mas os dias passaram e o período não veio, e as dores de barriga continuaram. Só pararam quando fiz a análise e deu positiva. Fiquei doida, doida mesmo, sem saber o que fazer, com uma vontade enorme de gritar com toda a força dos meus pulmões de dizer a toda a gente que encontrava na rua que estava GRÁVIDA.


Mas não pude, não podia dizer a ninguém, ou a quase ninguém, porque podia haver algo errado - a probabilidade de fazer uma gravidez ectópica (nas trompas) era muito grande dado eu ter sido submetida a uma operação de desobstrução das trompas dois anos antes.


Guardei o segredo, caladinha, mas com uma vontade de explodir de alegria (e preocupação). Só o pai do João e a minha colega da frente souberam porque era impossível esconder.


Esperei uma semana, ou melhor, cinco dias para fazer a ecografia que me diria se o João estava ou não bem implantadinho no meu útero. E estava....


Nessa noite espalhei a notícia aos sete ventos, toda a nossa família soube da novidade. Vivi a minha gravidez como se fosse a única mulher do mundo a ter esse privilégio.


Sexta-feira fazes 21 anos, João. Foste uma das melhores coisas que me aconteceu na vida...

sexta-feira, maio 16, 2008

um passo à frente, um passo atrás, isto não há meio de se endireitar

Entre sonhos feitos e desfeitos, entre aqueles que sonho de dia e os que sonho de noite, os meses vão passando, e já lá vão quase 3 meses desde que aqui escrevi.

Para a semana faço 50 anos e tinha mesmo de escrever agora sobre a minha vida que, nestes últimos anos tem sido um saltitar constante entre empregos, actividades, entre o prazer e o desprazer de fazer ou não, aquilo que mais gosto.

O texto flui e não vou fazer grandes correcções, tirando as ortográficas, claro.

A escrita hoje vai ser mais um despejar deste saco que se encontra muito cheio, quase a deitar por fora.

O meu irmão encontra sempre tema para escrever e fá-lo todas as sexta-feiras com uma facilidade que me surpreende. Mas, é claro, que nem todos temos aquele dom maravilhoso que ele tem de captar o interesse na leitura das suas crónicas.

Eu gosto muito de escrever, mas nunca desenvolvi muito a escrita. Quando me apetece, faço-o, com muito prazer. Mas só às vezes.

Um dia destes, vinha no comboio a pensar que tinha de escrever e que ia escrever sobre qualquer coisa, mas o facto é que entretanto me esqueci sobre o que queria escrever. Mais um texto que ficou arrumado na prateleira da minha memória. Qualquer dia, quando a for arrumar, sou capaz de o encontrar e depois colocá-lo-ei aqui, de certeza.

Hoje só me apetece escrever, sem tema definido, mas talvez para me sentir um pouco mais aliviada.

Dizer que tenho sonhado com pessoas que já cá nao estão acho fútil. Essas pessoas estão sempre vivas na mnha memória e deve ser quando limpo as ditas prateleiras dela que as encontro e sonho com elas.

E como resolver para acabar o texto que estou a escrver? Acho que ainda é mais dificíl do que começá-lo.

Acho que acabo com um ponto final.

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Já não se pode rir!

Pois é mesmo verdade, já não podemos rir. Ou seja, temos de ter muito cuidado quando e onde rimos.
Na passada semana, a minha sogra, que se aproxima dos 80 anos, foi a uma consulta de rotina de cardiologia, no Hospital S. Francisco Xavier.
Depois de fazer os exames de rotina, a médica, disse-lhe que, lamentava muito, mas ela teria de ficar internada, porque o ritmo cardíaco estava muito acelerado e tinha de se ver o que estava a causar aquilo.
Muito aborrecida, a minha sogra deu entrada na urgência, onde lhe foram feitos novos exames ao coração e onde já estava com um ritmo quase normalizado.
Então, quase como se duma confidência se tratasse, a minha sogra disse à senhora que lhe estava a fazer o exame:
"Sabe? Eu tenho dois filhos que são uns gozões e um deles veio comigo à consulta. Estávamos os dois lá fora e eis que o meu filho me diz: olha aquele, parece mesmo o Charlot! Eu olhei e comecei a rir, a rir, a rir, sem conseguir parar. O homem tinha as pernas tortas, um chapéu na cabeça e uma bengala e, apesar de mais alto, parecia mesmo o Charlot! Eu acho que foi por causa disso que o meu coração disparou..."
A senhora começou também a rir e a minha sogra teve alta e voltou para casa. Mas estava cheia de medo que o homem aparecesse outra vez e se vingasse dela o ter gozado tanto, obrigando-a a ficar internada só por rir!

domingo, fevereiro 24, 2008

Manuela

Desde os meus tempos de criança, que me habituei a ouvir falar nela. Principalmente por ter sido colega da minha mãe na Universidade, com a "Xacúntala" e mais outra que não recordo o nome. Era visita assídua na minha casa e eu recordo que as cartas dela eram sempre recebidas com muita alegria pela minha parte. Conhecia a letra dela à distância e estava sempre em pulgas para saber dela. Para mim, a Manuela era uma aventureira, que tinha crescido num sítio muito longe, em Angola e que tinha sempre histórias muito giras para contar. Lembro-me também do livro que ela escreveu e que ofereceu à minha mãe, e de eu o ter devorado e ter "passeado" com ela pelas areias do deserto...

A vida dá muitas voltas, a Manuela casou-se já muito tarde (para mim, claro) e durante muito tempo pouco ouvi falar dela. Lembro-me das cartas chegarem, dela ter ido à União Soviética, da relação com a minha mãe ter esfriado, mas não sei bem porquê.

Entretanto eu também cresci, empreguei-me, casei, tive filhos e a Manuela talvez tenho caído no esquecimento.

Foi portanto com alguma surpresa que soube que, depois da morte da minha mãe, o meu pai e ela reataram o contacto. Ela estava divorciada, sem filhos e o meu pai estava sozinho, cheio de filhos, mas todos fora de casa e com as suas vidas organizadas.

Daí até casarem foi um pulinho. Acho que a Manuela foi uma coisa óptima que nos aconteceu, por ter dado nova vida ao meu pai, que bem precisava.

Mas para mim a Manuela não é a minha madrasta. Ela continua a ser aquela menina que cresceu no deserto, no muito sul de Angola, onde os negros eram talvez uma "raça entre os animais e os brancos" como ainda hoje ela nos confidenciou, onde havia negros com "feições correctas" e outros nem tanto, onde as laranjas não eram cor-de-laranja, mas amarelas (que surpresa quando chegou a Lisboa e viu laranjas cor-de-laranja!!!).

Passaram-se muitos anos desde que ela saiu da Baía dos Tigres, mas ainda hoje uma lágrimazinha assomou nos seus olhos, quando ela falou da sua infância. Continua a ser uma boa contadora de histórias e eu continuo a gostar de a ouvir contá-las.

Obrigada, Manuela.

sexta-feira, dezembro 21, 2007

Natal


Boas festas para todos são os meus sinceros votos. Espero que 2008 seja um ano melhor em todos os aspectos.

8 de Dezembro de 2007


Olha que lindas que nós estávamos! aqui fica uma foto da tia mais velha, com a sobrinha mais nova!

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Recepção ao caloiro em Setúbal

















No passado dia 24 de Novembro, tivemos mais uma recepção ao caloiro da Universidade Aberta, em Setúbal e, como é óbvio, a Sofia, apesar de não ser caloira da UAb, acabou pintada! Aqui vai uma foto da nossa "Alegria" durante o almoço, que por acaso, como tem sido sempre, foi óptimo!

sexta-feira, novembro 16, 2007

Amália


Como prometido, aqui vai.


Eras para ter sido Amélia, um nome mais de menina, como a Amélie que a tua mãe nos faz lembrar, mas acabaste sendo Amália, nome bem português, nome muito forte, nome de Mulher, não de Menina.

Bem vinda sejas, Amália do meu coração, espero que a vida seja para ti tão boa como é possível ser!

Nao sei escrever como o teu pai, mas também não é preciso para te deixar palavras que são de amor e carinho.

Já fazes hoje duas semanas, mas só hoje tive oportunidade de te dedicar umas palavritas.

E vou-me deixar de lamechices, que isso é das velhas, apesar de eu ser a tua tia mais cota de todas!


Um grande beijão e faz favor de ser feliz!

Jantar de família


Pois, no passado dia 27 houve mais um jantar de família, desta vez a pedido das primas que se deslocaram de férias ao nosso país. Claro que tudo é motivo para nos reunirmos, por isso toca de ir tudo à casa onde tudo acontece, ou seja, à "Casa do Pai" como habitualmente chamamos.

Foi uma rica jantarada, pena a falta da Ana e respectiva família, mas é mesmo muito difícil juntar todos à mesma mesa (ou mesas).

Por isso a fotografia ficou incompleta e, mesmo assim, desactualizada, já que novo membro se lhes juntou uma semanita mais tarde. Mas quanto a isso, outro post surgirá!

Por agora fica aqui a foto principal da reunião! Que teve muito vinho (e bom), muita carne (a picanha estava uma delícia) e muito boa disposição!

sexta-feira, outubro 19, 2007

um filho


ela sentou-se nos degraus da escada, colocou as mãos na cabeça, entrelaçou os dedos nos cabelos e pensou...


tinha-o amado como a um filho, apaparicado como ninguém. tinha-o acolhido em seus braços quando ele estava triste, quando ele precisava de apoio. tinha.


naquele dia tinham-lho tirado dos braços, levado para longe. as lágrimas correram pelos sulcos que eram os rios das suas rugas, a tristeza tinha-se espelhado na alma e os seus olhos olhavam o longe como se ele não tivesse fim.


levaram-lhe um filho. um filho nunca se leva a ninguém, mesmo que não seja verdadeiramente nosso.


ficou uma ferida aberta no peito. uma ferida que custa a cicatrizar. uma ferida que tarda em fechar, porque quando se perde um filho elas nuncam fecham, há sempre uma pequenina nesga que não fecha, que não quer mesmo fechar, que se recusa a aceitar e que por isso mesmo se recusa a fechar.

segunda-feira, setembro 24, 2007

Licenciatura

Não podia deixar passar esta fase da minha vida sem a mencionar aqui.
Pena que a minha mãe não esteja cá para poder festejar comigo a minha licenciatura.
Sei que era uma coisa que ela gostava que eu fizesse e, como tal, estou aqui a escrever sobre isso.
A ela lha dedico.

Brevemente voltarei a "postar"

quarta-feira, setembro 19, 2007

entre outras coisas, a cozinha nova!!!!!





Pois é, verdade, verdadinha, passaram-se alguns meses desde a última postagem! Mas tenho tido muito que fazer, já não estou desempregada desde Abril, estou a trabalhar no Ministério da Saúde, já só me falta uma cadeira para acabar o curso, aliás estou à espera que a nota saia (ui, que dores de barriga), já tenho os dois filhos na Universidade, enfim, algumas coisas realmente se passaram.




Entretanto tenho uma cozinha nova e, como tinha prometido, vou ver se ponho aqui uma sequência das obras que captei com a máquina da Sofia. Por acaso também foram em Abril e Maio, quando comecei a trabalhar, de modo que, como podem imaginar, deve ter sido o caos total lá pela minha casa. Mas enfim, as coisas passam, cansamo-nos um bocado (um bocado é favor, ora bolas, que eu andei quase a chegar de gatas todos os dias à minha caminha) mas agora dá um gozo tremendo ver aquele espaço tão bonito.


E o prometido é devido, Formiga, como sabes, tenho desculpa, mas aqui vai...

terça-feira, abril 10, 2007

Barcelona

Barcelona foi fantástica!


A primeira visão foi do avião queme deu uma imagem duma cidade imensa, cheia de luz, enorme....mas a segunda visão foi espantosa.

Calcorriei-a quase duma ponta à outra a pé, debaixo de vento, de chuva e de sol pouco quente.


Quando chegámos finalmente, depois de depositar a bagagem no hotel, fomos comer, bem, já não viamos nada com tanta fome!






O Parque Güell é das coisas mais lindas que vi. Gaudi soube imprimir o seu gosto estranho àquelas esculturas, aos jardins, à sua casa. Neste Parque sentimo-nos transportados para um mundo de bonecas e bonecos, quase irreal, estranho, mas fabuloso. Recomendo vivamente.





Pois, em Barcelona temos de ir ver a Sagrada Família. Muita gente que conheço e que a visitou ficou despontada por ser uma mistura de guindaste e andaimes, mas eu, bem avisada que fui, gostei. Achei que era isso mesmo que Gaudi queria, uma obra inacabada. E acho também que é isso mesmo que terá de ser sempre, para poder permanecer a esperança de um dia a vermos acabada. Os catalães dizem que, daqui por 30 anos, a obra estará pronta, mas eu não acredito. Desde 1926, ano em que Gaudi morreu que se tenta acabar e ela lá continua, impávida e serena...

Las Ramblas......mar de gente, turistas a subir e a descer, fantoches, esplanadas, e aquele mercado fabuloso, cheio de especiairias, peixe, carne, presuntos, um encher de olhos que é um espanto!



Também fomos (a Sofia foi comigo, claro, grande companheira de armas!) ao Museu do Miró que eu adoro.




Visitámos as casas/obras de Gaudi, de que deixo por aqui algumas fotos para ilustrar bem a nossa ida a Barcelona.












Já se passaram alguns meses desde que comecei a escrever este texto (hoje já é dia 19 de Setembro!!!), mas não houve tempo para mais, por isso, apesar de tarde aqui está: BARCELONA!!!!!!!!!!!!!




sábado, fevereiro 24, 2007

Regresso!


Mas que calona que eu tenho andado, sinceramente não me tem apetecido muito escrever, mas tenho uma razão bem forte: tenho andado a ver se consigo acabar o curso, só me faltam duas cadeiras.
Gostam do meu Homem-aranha? Pintadinho de fresco numa t-shirt encomendada.

segunda-feira, novembro 27, 2006

Christina Aguilera com 9 anos!!!!!

Bianca Ryan, 11 anos, uma voz fabulosa

Oeiras, Oeiras, Oeiras.......

Escrevi o texto sobre Oeiras há 10 anos, mas não resisto à tentação de o transcrever para aqui......

"

Oeiras, 3 de Setembro de 1996

Hoje de manhã quando vinha a caminho do trabalho, cruzei-me na rua com o Ti’ Luís a quem dedico um capítulo das minhas estórias.

Foi ele quem me fez lembrar que era engraçado recordar as pequenas coisas da minha infância, de quando, em 1961, ainda não tinha três anos, para cá vim viver.

Nessa altura, lembro-me de ter dificuldade em dizer o nome da “terra” para onde eu vinha (de Lisboa). Era província, Oeiras, e díficil de pronunciar. Eu dizia sempre “orelhas”
.




1. A CARROÇA DA PRAIA

Estava parada à saída da estação de Oeiras e levava as pessoas à praia da Torre.

Tinha umas cores bonitas e lembro-me muito bem de ter uma manivela à direita do condutor, mas não sei para o que servia.

Por especial favor, e como nós morávamos mesmo à frente do quartel e eramos muitos miúdos, o condutor lá parava a carroça à nossa porta para nos levar para a praia.

Era sempre uma grande confusão, 4 miúdos, mais as tralhas todas, brinquedos, comida, toalhas, mas era muito divertido.

Com o aparecimento dos automóveis e as “carreiras” para outros lados, a carroça da praia desapareceu.

2. O QUARTEL

Sou da altura em que começou a guerra em África e nunca mais me esqueci dos soldados todos que saíam do quartel para manobras nos campos ao pé da minha casa.

Faziam fileiras e marchavam, marchavam, marchavam.

A minha irmã e eu, com 5 e 3 anos, sentávamo-nos no muro do quintal de nossa casa e saboreávamos aqueles soldadinhos todos a marchar, com armas e tudo!

Perguntei à minha mãe a razão daquilo tudo e de ela disse-me que havia uma guerra em África, que os portugueses tinham que ir para lá, mas foi coisa que eu nunca percebi - porque tinham que ir os portugueses para lá? Só percebi muito mais tarde.

Era muito triste, quando eles partiam - vinham as famílias todas da província, e choravam muito nas despedidas.

Ainda bem que acabou.


3. A ESTAÇÃO DO COMBOIO

A estação era o centro do movimento e mais importante que tudo, o caminho para Lisboa.

Os meus avós vinham-nos visitar sempre de comboio e era uma festa ir à estação vê-los passar (aos comboios, é claro). Hoje, quem me dera não ter que ir à estação.

Nessa altura não havia passagem subterrânea e muita gente morreu apanhada pelos “rápidos”, quando ia apanhar um ou outro combio para Lisboa. Por isso se fez rapidamente a passagem subterrânea, que depois da do Estoril é a mais antiga da linha.

Lembro-me de se falar que iam instalar um café lá em baixo e um sapateiro, o sapateiro nunca apareceu mas o café ainda lá está, e, pelos vistos para durar.

Ainda hoje a estação é um centro de grande movimento diário em Oeiras.


4. O TI’ LUÍS

Acho que qualquer pessoa que viva em Oeiras há mais de 20 ou 30 anos se lembra dele.

Sempre o conheci velho, por isso não faço ideia que idade terá hoje.

Passava, na sua carroça e com o seu burro, e era o leiteiro dali.

O leite, às vezes não prestava, não sei porquê, e a minha mãe perguntava sempre ao Ti’Luís se ele “mijava” lá dentro, e ele ficava sempre muito ofendido com ela.

E eu imaginava o Ti’Luís com uma “pilinha” pequenina como a dos meus irmãos a fazer chichi para dentro do leite e achava muita piada.

Não sei até quando é que o Ti’Luís distribuiu o leite, mas ainda há bem pouco tempo o fazia, depois o burro morreu e o Ti’Luís deixou de levar o leite às gentes de Oeiras.

Mas nós não o esquecemos.


5. A IGREJA

Local de culto, centro dominical de “corte e costura”, os meus pais obrigavam-me, a mim e aos meus irmãos a ir todos os domingos à Igreja.

O que era uma estopada, primeiro porque era longe como burro e depois porque não percebiamos nada do que o Sr. Prior dizia. Ainda para mais eu ficava sempre mal disposta de estar muito tempo de joelhos (e o meu pai não acreditava em mim).

Então resolvemos fazer assim:

A missa era ao meio-dia, saíamos de casa pelas onze e meia e íamos pelo parque, em passeio, brincávamos aí até às 12,20 mais ou menos, chegávamos à Igreja um bocadinho antes da comunhão, e “pirávamo-nos” logo a seguir a esta porque a missa acabava logo a seguir e não valia a pena ficar até ao fim, porque depois era uma grande confusão à saída.

Quando chegávamos a casa, pela uma hora, o meu pai perguntava sempre sobre o que é que se tinha falado na missa, para confirmar a nossa presença lá e nós como lá tínhamos estado um “bocadinho” contávamos-lhe e ele ficava todo satisfeito.

Durante alguns anos a coisa resultou e não sei ainda hoje se ele sabe o que nós fazíamos nessa altura.

De qualquer modo, agora fica a saber.


6. A TORRE

A MINHA praia.

Sempre o foi e sempre o será.

Naquela altura como ficava muito longe de qualquer estação de comboio só os moradores de Oeiras para lá iam, ou aqueles que podiam pagar a carroça, ou mais, aqueles que já tinham carro nessa altura, que eram muito poucos mas que normalmente preferiam ir para o Tamariz ou para a Costa que era mais fino.

O Sr. António era o banheiro e ainda hoje por lá anda.

Foi na Torre que aprendi a nadar e foi na Torre que conheci o meu marido.

Como fica protegida pelo Forte de S. Julião da Barra, torna-se uma praia muito agradável sem a nortada que Oeiras tão bem conhece no Verão.

Hoje, com as camionetas a chegar ao Alto da Barra, já se torna mais fácil lá ir, mesmo sem carro. Por isso a Torre perdeu parte do seu encanto selvagem.


7. A ESCOLA

A minha escola não foi a oficial nº 1 (a mais conhecida pela dos correios), e única na altura em Oeiras, onde parece que batiam mais nos miúdos do que ensinavam, mas sim a Princesa Isabel, que devido à sua localização (ao pé da estação) ainda hoje lá está.

Estou convencida que mais de 50% dos miúdos de Oeiras andaram nessa escola, principalmente por a outra estar muito decentralizada e não haver camionetas para lá. Ou se tinha de ir a pé (e era muito longe para as crianças de certas zonas) ou de comboio e ficava muito caro.

Os meus irmãos e eu andámos sempre lá, tinha a Miss Otero e o Sr. Dr. (nunca soube o nome dele), que eram os directores e as Misses que eram as professoras - nunca percebi porque é que as chamavam assim, qualquer “finesse”?!


8. A FUNDIÇÃO

Qunado tocava o apito, o pessoal vinha todo almoçar para a rua, traziam as marmitas, os fogareiros, o pão, o vinho e sentavam-se na berma da estrada do meio-dia à uma para almoçar.

Cantinas, refeitórios não havia nessa data, foi coisa que veio muito mais tarde.

A minha irmã comia mal em casa, mas áquela hora aparecia sempre com uma fatia enorme de “casqueiro” com uma sardinha em cima, que ela nunca comia mas que adorava pedir aos “homens da fundição”.

A Fundição acabou um dia, deixou muita gente no desemprego, mas a guerra também acabou e era o sustento de muita gente. Restam as instalações agora divididas e subdivididas em muitas empresas.


9. O CEMITÉRIO


Sobre ele não há muito a dizer.

Só uma pequena lembrança de quando era miúda a minha mãe me dizer que tinha um amigo que dizia que quando morresse era para lá que queria ir “porque era o cemitério que tinha a mais bonita vista”.

Hoje já não tem.


10. OEIRAS HOJE

Oeiras de hoje não tem a fundição, os soldados já não vão para a “nossa” guerra, não tem carroças nem leite ao domicílio, mas continua a minha Oeiras e a de muita gente.

Gostava que os meus filhos, que cá nasceram e vivem gostassem sempre dela e a estimassem como eu a estimo
.

domingo, novembro 26, 2006

IJLNA


Viajei novamente, no tempo ou no espaço, conforme quiserem.
Os sonhos levam-me até sítios que não existem, ou que pelo menos, não conheço, em viagens fabulosas impossíveis de fazer, com pessoas que não existem.


A capacidade de o fazer faz-me feliz, porque a imaginação que possuo e a minha memória, são das coisas melhores que há e a possibilidade de as passar para o papel (ou melhor, para o computador) é uma coisa que muita gente não tem....


Desta vez fiz uma viagem de carro, o destino era uma cidade no norte da Europa, num país pequeno, de que não sei o nome, mas que sei que existia algures a norte da Alemanha, num enclave que pode ter sido outrora a Prússia Oriental, devia ser por aí.... a cidade chama-se Ijlna, tem um castelo lindo que não posso fotografar porque não levei máquina, mas que está presente na minha imaginação mais uma vez. Fica à borda de um lago brilhante, um lago prateado provavelmente devido à luz do luar, um lago que só vi à noite, porque no dia seguinte já lá não estava, tinha regressado a minha casa, à minha cama, acordada de mais este sonho lindo.

Viajei com pessoas que não me lembro, por países que não ficavam pelo caminho e que nem conheço, como a Sérvia e a Bósnia, se nos guiarmos por um mapa da Europa habitual. Mas o mapa que tinha nas mãos era diferente de todos os que vi até hoje, está desenhado na minha memória...

Na Sérvia vi imensos carros de combate destruídos, espalhados junto à estrada, destroços duma guerra recente, que infelizmente não foi sonho.

Para poder chegar mais depressa a Ijlna tive de utilizar uma técnica recente para acelerar as viagens - fechar os olhos e viajar rapidamente de carro pelo mapa, desta vez pela Floresta Negra, e aterrar, ainda de forma violenta na estrada (o sistema ainda está em fase de ensaio e tem de ser afinado aqui e ali) - altura em que podemos de novo abrir os olhos e estar a chegar a Ijlna.

Em Ijlna, alojei-me num hotel engraçado, onde todos falavam português, por sermos um povo muito considerado neste país.

O objectivo da minha viagem a Ijlna tinha sido alcançado. Infelizmente, por se tratar de um sonho eu não sei qual era.

(consegui arranjar uma foto parecida com o castelo que não fotografei)

Casamento de Romenos em Portugal (III parte-no Copo d'Água)

...e lá chegámos ao sítio do copo d'água, por acaso bem bonito até, por detrás dos Jerónimos.

O final de tarde e a noite foram das melhores dos últimos tempos, com uma temperatura fabulosa para final de Outubro, a prever o Verão de S. Martinho.

Deu para tirar fotos bonitas no jardim, para beber uns copitos, para comer uns salgadinhos que estavam quentinhos e deliciosos....

Os outros convidados que, por trabalharem (temos de nos lembrar que são Romenos, que muitos deles estão cá ilegalmente e, por isso, a trabalhar sábado até às tantas....) somente chegaram para o jantar, aproveitaram para ir tirando fotografias com os noivos.

Eram para aí umas nove da noite quando fomos paera dentro, para o jantar....foi-nos servido uma canja deliciosa, acompanhada de natas (coisa que eu nunca tinha visto), uns filetes de cherne e um lombo de porco. Estava tudo muito saboroso e, para quem quiser, posso dar o contacto da empresa de Catering que forneceu tudo, dado já ter "trabalhado" com eles mais do que uma vez, não ser caro e ter um serviço bastante bom.

Ao fundo da sala estavam os "pecados dos anjos" - musse de manga, arroz doce, farófias, salada de frutas e um interminável rol de doçarias que é melhor nem pensar nele....

A música tocou, o vizinho do lado (pelos vistos, muito simpático) chamou a polícia por causa do barulho....

Mas a festa durou até às 3 h da manhã e esteve bem animada.

Felicidades aos noivos!!!!